domingo, 22 de janeiro de 2012

Veículo capotou na altura do Setor O. Corpos foram arremessados do carro, indicando de que as cinco passageiras e o motorista não usavam o cinto (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
Veículo capotou na altura do Setor O. Corpos foram arremessados do carro, indicando de que as cinco passageiras e o motorista não usavam o cinto

A combinação de excesso de velocidade, imprudência no trânsito e consumo de bebida alcoólica pode ter sido a causa de um grave acidente que matou seis jovens na madrugada de ontem. A tragédia ocorreu no Km 8 da BR-070. As vítimas tinham entre 15 e 19 anos. O grupo, que se conhecia, voltava de uma festa no Recanto das Emas. Na altura do Setor O, em Ceilândia, o motorista do Astra preto placa JFG 0712-DF, Espedito Sirqueira da Silva Júnior, 19, perdeu o controle do carro, saiu da pista e capotou várias vezes até parar em uma área de declive. Os seis ocupantes morreram no local. O rapaz, segundo os próprios familiares, não tinha Carteira de Habilitação.

Investigadores da Polícia Civil estimam que o acidente tenha acontecido por volta das 5h, mas somente duas horas depois, o socorro foi acionado. Segundo o Corpo de Bombeiros, o local onde as vítimas caíram era de difícil visibilidade, por isso, a demora no atendimento. Uma pessoa que andava de bicicleta avistou o primeiro corpo, o de uma mulher. Ele estava afastado dos demais. Minutos depois, o homem, que não teve a identidade revelada, localizou o carro e as outras vítimas já sem vida. Uma delas estava submersa em uma grande poça de água provocada pela chuva.

Além do motorista, as demais ocupantes do carro — Ingrid Anne Carvalho de Freitas, 15 anos; Daniela Dantas Martins Barros, 17; Duanny do Couto Veras, 17; Jéssica Souza do Nascimento, 18; e Francisca Rafaela de Souza Lima, 19 — foram projetadas para fora do veículo, o que leva a polícia a acreditar que nenhuma das vítimas usava cinto de segurança no momento do acidente. O carro, que parou a aproximadamente 100 metros da rodovia, ficou completamente destruído, principalmente a parte traseira. Várias peças se desprenderam, inclusive uma das rodas.

O acidente será investigado pela 24ª Delegacia de Polícia (Setor O). Segundo o delegado de plantão da unidade, Rogério Alencar, testemunhas contaram que o grupo estava na festa e, em seguida, parou em um quiosque para fazer um lanche no Taguaparque, no início do Pistão Norte. Por volta das 4h30, os jovens seguiram em direção ao P Norte, em Ceilândia, onde a maioria das vítimas morava. Antes disso, teriam que desembarcar Jéssica, que residia no Setor O. Nesse trajeto, o carro teria capotado. “Há relatos de que o motorista estaria dirigindo em alta velocidade e fazendo manobras arriscadas. Inclusive, havia uma sétima passageira, que desembarcou na metade do caminho. Ela passou para o carro de um outro grupo, que seguia atrás”, contou. “A menina é menor de idade e foi ouvida pela manhã. Ela contou que todos estavam embriagados na festa”, acrescentou.

Pressentimento
A adolescente de 16 anos que escapou do grave acidente revelou ao Correio ter pressentido que algo ruim aconteceria naquela noite, por isso resolveu trocar de condução. “Ele (Espedito) estava correndo muito, fazendo gracinhas no volante e fiquei com medo. Mas todo mundo estava tranquilo, até então”, afirmou. Segundo ela, embora outro veículo acompanhasse o grupo, os carros não disputavam racha. Outras testemunhas também contaram à polícia que o motorista andava em alta velocidade, a cerca de 180 Km/h.

O pai de criação do condutor do veículo, o eletricista Aliésio Hipólito da Silva, 59 anos, é o proprietário do Astra e confirmou que Espedito não tinha habilitação. “Por volta das 20h30 (de sexta-feira), dei falta do carro. Tinha acabado de sair do banho e perguntei a minha mulher para onde o menino (Espedito) tinha ido. Eu não havia autorizado ele a sair com o veículo. Foi a segunda vez que fez isso”, esclareceu. “Estou em estado de choque, afinal era como se fosse meu filho biológico. Era um menino bom, mas acho que a alta velocidade e a bebida podem ter contribuído, sim, para essa tragédia.” A Polícia Civil aguarda o laudo dos peritos para saber o que provocou o capotamento. O documento deve sair em 30 dias.

Também na manhã de ontem, um ciclista foi vítima da violência no trânsito do DF. Antônio Milton Gomes da Silva, 39 anos, foi atropelado enquanto tentava atravessar uma rua da Quadra 211 de Santa Maria, em frente à Vila Olímpica. Ele foi atingido por um caminhão de entrega do supermercado Ponto Alto. O condutor prestou socorro à vítima, que não resistiu aos ferimentos. O acidente foi registrado na 33ª DP (Santa Maria), onde o motorista responderá por homicídio culposo (sem intenção de matar).

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